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Águas negras e a homenagem à cultura negra

Foto: veja.com

O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Procura ser um dia para se lembrar da resistência do negro à escravidão de forma geral.

Zumbi dos Palmares

     Mesmo não sendo feriado em Juiz de Fora, o Dia Nacional da Consciência Negra não passou sem comemorações na cidade. Um dia antes da data oficial, intervenções culturais no Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (IAD-UFJF) celebraram a cultura negra. Uma delas, intitulada “Águas negras: homenagem aos nossos ancestrais africanos”, reuniu cerca de 20 alunos do curso de música para a performance. Ela também contou com a participação do público: no final da apresentação de Kizomba - ritmo africano semelhante ao maracatu –, todos foram convidados a se juntar e a dançar também. Foram apresentadas 12 músicas com temática afrodescendente que fazem referência às águas, todas de artistas nacionais. “Pesquisamos diversas músicas brasileiras com influências africanas, tanto na letra – algumas em idiomas ou dialetos africanos, como o ioruba -, quanto outras com ritmos influenciados musicalmente pela África”, explicou Tais Bandeira, professora responsável pelo evento.

 

  

Foto: Manuela Castor

Apresentação da homenagem "Águas negras"

     Idealizado pela professora e com ajuda de seus alunos, a ideia de homenagear os antecedentes africanos começou em 2013, com a primeira edição do Recital Afro, realizada no Museu de Artes Murilo Mendes (MAMM). Além disso, a apresentação tem o intuito de difundir o curso de Música, que, segundo a aluna Polyana Emídio Monteiro, ainda não é tão conhecido na Universidade. Ainda de acordo com a aluna, “é muito importante a intervenção para não perdermos a dimensão de que todos temos um pouco da herança afro em nossas vidas e em nosso sangue, e eventos como esse nos ajudam a refletir sobre tudo isso”.

Foto: Isa Arcuri

Elmir Santos na apresentação

Elmir Santos (foto), também aluno do curso de Música, participou da intervenção e exalta a aproximação e interação do público em se expor em locais abertos. Segundo ele, os resultados das apresentações foram muito positivos e eles até receberam novos convites para outras exposições pela Universidade, como o encerramento da 2ª Semana de Igualdade Racial e Questão Agrária, organizada por alunos e professores negros da Faculdade de Serviço Social. Sobre a cultura negra na cidade e no país de forma geral, Elmir ressalta que há mais oportunidades hoje para divulgação da cultura negra, mas ainda há muito o que ser feito. "A cultura negra já conquistou espaço, mas precisa de mais, mais incentivos e mais barulho. As manifestações iniciam mudanças em todos os campos, mas ainda precisamos de mais”.

       Além disso, segundo o aluno, o espetáculo “Águas Negras” homenageia não só a cultura negra, como também faz um link importante com a água, assunto muito debatido e questionado atualmente. “A apresentação, além da cultura afro, tem ligação com a seca. Dessa forma, usamos temas atuais para que melhore e acrescente na discussão”, acrescenta Elmir.

 

      Os organizadores do evento escolheram um espaço aberto na Universidade para a realização das intervenções justamente por ser fora da sala de aula e permitir tanto a divulgação dos seus trabalhos quanto a presença de qualquer um que se interessasse pelo tema. No entanto, o local onde foi realizada a intervenção não está em consonância, na prática, com o que temos entendido como espaço público urbano nesse dossiê de reportagens sobre Cultura nas Ruas: um território realmente democrático e plural. A Universidade é um espaço público? Seu uso é realmente é acessível a todos? Os territórios da Academia, incluído aí o IAD, deveriam sim ter maior participação popular. Por que há tão poucos eventos que incentivem a participação da população como um todo? Por que não tornar a Universidade parte real do cotidiano da comunidade? Além disso, não é só a comunidade que se beneficiaria: é de extrema importância para os próprios alunos que o espaço seja aberto, tendo em vista que concentra um Instituto onde são realizadas diversas exposições e eventos culturais. 

Fotos da intervenção

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

© 2014 Cultura nas Ruas. 

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