Conhecendo o Restinga Crew e Markinhos Cko
Como surgiu o Restinga? E como você entrou pro grupo?
Markinhos: O grupo surgiu de oficinas culturais desenvolvidas em um abrigo. Mas, não era esse nome, chamava-se realidade de rua, porque além de ter os membros também os moradores do abrigo de adolescentes participavam juntos. Eu conheci o Restinga Crew na usina do gasômetro que é um dos pontos turísticos de Porto Alegre. Eles estavam fazendo uma apresentação e me convidaram para apresentar junto.
Claro que sabemos que o amor à arte move os artistas em geral, mas quais são os principais objetivos do grupo?
Markinhos: Ter reconhecimento sobre o que fazemos, sobrevivermos da dança desenvolvendo projetos culturais, sempre passarmos a informação ao próximo. Contribuir sempre de maneira positiva para a comunidade em que moramos zelando pela paz respeito e amor ao próximo.
Vocês contam com alguma ajuda financeira da comunidade? Porque em Juiz de Fora (MG) a cena do Hip Hop tenta conseguir dinheiro fazendo eventos em locais fechados e combrando ingressos. A maioria dos eventos são gratuitos, em locais de fácil acesso, para divulgar a arte mesmo.
Markinhos: Digamos que aqui [em Porto Alegre] seja um pouco mais fácil porque todos nós damos aulas em escolas de carteira assinada, somos professores mesmo. Quanto aos eventos nós organizamos não cobramos nada, é gratuito e aberto a comunidade.
A principal arte do Restinga é a dança, mas vocês trabalham com outras formas de arte também?
Markinhos: Sim. Eu, por exemplo, trabalho com grafite, sou DJ e dou aula de mídias e meio ambiente. Como o abrigo fechou, adolescentes foram para diferentes abrigos e acabamos perdendo o contato. Atualmente, os alunos são de escolas municipais e estaduais, que frequentam os projetos no turno inverso de aula.
O Breaking surgiu nas ruas, em 1929, na época da crise econômica dos EUA, quando os músicos e dançarinos que trabalhavam nos cabarés ficaram desempregados e foram para as ruas fazerem os seus shows. Como a maioria das apresentações de vocês são de dança, o chamado Breakdance, quais são os desafios de se fazer arte que tem origens das ruas e é feita nelas?
Markinhos: O desafio é de mostrar para as pessoas o quão rica é a nossa dança, que temos uma história, que temos qualidades suficientes para montar um bom espetáculo, tanto quanto um corpo de balé, por exemplo. Geralmente quando se fala da rua se pensa muito em algo amador, o que não acontece mais. Hoje em dia, existem grupos do nosso estilo que viajam o mundo levando a nossa arte, tem empresas de grande porte que ajudaram muito a divulgar essa nossa dança.
A cidade de Porto Alegre é conhecida por ter uma cultura qualificada e diversificada, com intensa atividade em praticamente todas as áreas das artes, além da influência de imigrantes. Como você vê o cenário cultural na cidade?
Markinhos: Sim, o cenário cultural é bem diversificado: temos vários teatros que recebem grandes espetáculos, tanto fora quanto daqui mesmo, há várias competições internacionais de dança -de todos os estilos. Há, ainda, a Casa de Cultura Mario Quintana que é um espaço livre com acesso a várias salas, livrarias, dentre outras e também temos vários museus de arte. O lado bom é que se pode sair com pouco dinheiro e ver um espetáculo de primeira qualidade sem a população ter que pagar por isso.
E para finalizar, não poderia deixar de perguntar: pra vocês, qual a importância da arte de rua?
Markinhos: Resgatar as pessoas de situações de alto risco, promovendo a sua capacidade de expressarem-se através da arte, sem custo algum, e, claro, promover a comunidade através de nós mesmos.


Arte do Restinga Crew
Restinga Crew em uma apresentação de dança na rua
![]() Nas ruas | ![]() No centro de Porto Alegre | ![]() No Festival Maré de Arte |
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![]() Markinhos | ![]() Em um treino | ![]() Esquina democrática |
![]() Apresentação do grupo |
RESPECT GANG
RESPECT GANG