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Respirando mais Estelita

Foto: Arquivo pessoal

Conversamos também com Ivana Driele, natural do Recife, militante, estudante de História, e integrante do Movimento Ocupe Estelita. Ela é uma das participantes que mais cedo aderiu à causa e literalmente ocupou o território do Estelita. A vida dela foi transformada pela experiência no Movimento. Ivana vivenciou a união dos ideais com a prática, a união das pessoas por um objetivo de melhoria para todos, a união da cultura e a cidadania, da população recifense com pessoas de todo Brasil.

        O que você já vivenciou por causa do Movimento?

 

     Ivana: Costumamos dizer que enfrentamos todos os problemas de uma grande cidade dentro do Cais José Estelita. Acampamos com muita gente, tivemos que lidar com os problemas dentro de um espaço que se organizou como uma minicidade. Tivemos problemas de convivência em vários momentos, mas sempre superamos com muita paciência e conversa. Aprendemos a lidar com as diferenças, geralmente nos juntamos com quem temos afinidade, lá tínhamos que conviver como todos o tempo todo. Como sou estudante de História tive a oportunidade de criar, junto com os ocupantes, uma escolinha de educação informal para os meninos das comunidades carentes do entorno. As atividades da escolinha, infelizmente, findaram com a desocupação forçada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       Como são as ocupações que o movimento promove?

 

     Ivana: As ocupação também vem tendo um viés cultural , algumas tem dança,  outras exposição de fotos, de arte,etc. Contudo, não promovemos somente esse tipo de ocupação. Quando necessário ocupamos a sede da prefeitura do recife, para exigir negociação.

 

       As manifestações continuam acontecendo? Como elas estão sendo encaradas pela população?

 

    Ivana: Continuam acontecendo. Hoje somos muito mais aceitos, antes éramos vistos como um bando de desocupados baderneiros, agora o movimento ganhou respeito.

 

       Qual é a força da causa atualmente?

 

      Ivana: Gigante. Quando chegamos ao Cais éramos poucos, sonhadores acampando num lugar escuro e inóspito. Hoje temos voz mundialmente, mas a batalha ainda não foi vencida.

 

      O movimento é político cultural e ganhou grande força. Você acha que a população de Recife se dedica a causas culturais?

 

     Ivana: Sim, tudo é política. A cultura é um meio de fazer política. Uma parte da população dedica-se, a classe média sobretudo.

 

      Vocês, o Movimento como um todo, consideram que usam a cultura como arma? Arma de quê e pra quê?

 

      Ivana: A forma como foi feito o leilão é altamente questionável. Anteciparam o leilão e não divulgaram... só isso já é inaceitável para qualquer processo democrático. As terras do Cais eram da união, não poderiam ser vendidas do jeito que foram. É o interesse publico que está em jogo. A cultura é uma forma lúdica de passar a mensagem. As pessoas às vezes se mostram cansadas com o formato tradicional da política, nesse sentido a cultura abre caminhos de forma lúdica. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      Até agora o que conseguiram? Quais são as metas no momento?

 

     Ivana: Conseguimos barrar o projeto, ele tá parado por conta do movimento. Não sabemos se conseguiremos barrar definitivamente, mas lutaremos como for possível. Conseguimos chamar atenção da população, dizer: A cidade é nossa! Acordem! Lembrar para os recifenses que o prefeito é um mero administrador, ele não está acima da lei, dos interesses da população. Nossa meta é barrar o projeto e daqui para frente construir um novo modelo de cidade. Barrar a lógica higienista que predomina nas grandes cidades.  Construir uma cidade para todos e não somente para um pequeno grupo de privilegiados. 

 

     O Ocupe surpreendeu a todos com a proporção que tomou, contudo isso mostrou a Pernambuco e ao Brasil que cultura não é só: show no Mineirão, exposição no MASP ou uma apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal RJ, mas também um grafite feito em um muro, um show do grupo popular na pracinhha, ou uma dança passada pelos seus avós, pois cultura é, como diz Laraica um conceito antropológico algo além do que julga o senso comum.. O movimento é um dos grandes exemplos de que a cultura tem relevância suficiente para influenciar nesse âmbito da política, pois ela  é, ou deveria ser, algo para todos e feito por todos. Fica como modelo para os demais estados, que possuem número muito maior de produções artisticas que atingem as massas, mas não servem aos propósitos da maioria. 

 

    Se você quiser acompanhar os próximos passos do Ocupe Estelita e saber o fim dado ao Cais acesse o site ou a página do Movimento #OcupeEstelita.

Foto: Arquivo do movimento

Foto: Arquivo do movimento

Foto: Arquivo do movimento

Foto: Arquivo do movimento

Fotos: Arquivo do movimento

© 2014 Cultura nas Ruas. 

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