Arte Urbana: um grito de liberdade
A arte como representação da realidade entrou em decadência com o surgimento da fotografia. Por que se manifestar artisticamente de forma a retratar o real se uma câmera poderia fazer isso muito mais rapidamente? A partir daí, entramos em uma nova fase: a da expressão pessoal. O artista não apenas faz arte, como também abre um pouco de si: sua personalidade, seus gostos, seus anseios e medos mais profundos. Cada manifestação artística tem sua própria identidade e um pedacinho de quem a produziu. Conhecer o que vem sendo realizado no meio artístico não só nos leva a refletir sobre a sociedade que vivemos, já que a arte é a representação do seu tempo, como também nos aproxima de quem a produz.
Por esse motivo escolhemos falar sobre cultura nas ruas. Levaremos você, leitor, a explorar, junto com a gente, um pouco do que é o universo da cultura urbana. Desejamos que você seja capaz de imaginar as lutas a favor da democracia em Hong Kong e relacioná-las com os movimentos de ocupação aqui no Brasil, como o Ocupe Estelita (PE). Queremos que você, que gosta de Jogos Vorazes, imagine como seria estar na Tailândia e ver o símbolo de oposição do filme ser usado para mostrar resistência a um governo opressor na vida real. Também esperamos que esses recentes acontecimentos provem que a cultura não pode mais ser vista de forma isolada: ela está presente em todos os âmbitos e sua relação com a política tem sido cada vez mais evidenciada. Em um mundo onde demonstrar sua opinião pode ser um crime, a arte urbana é um grito de liberdade.
O povo tem vivido uma crise de representatividade e a arte é uma das formas que possibilita que as pessoas possam se manifestar. Esperamos que as vozes de artistas como Lúcio Rodrigues, JP Oliveira, Luiz Gonzaga, MC Tainá e Ricardo Barcellos sejam ouvidas. Desejamos, também, que depois de conhecer esses trabalhos e ver coletivos como o T!po Assim você se sinta incentivado a criar suas próprias produções. Você pode se inspirar na nossa galeria de fotos, que conta com imagens de diversas obras, e nos nossos vislumbres de diferentes aspectos da cultura. Prepare-se para ver cliques de lugares por onde você passa todos os dias e mesmo assim nunca os olhou de verdade, nunca reparou naquela pintura ou naquele desenho diferente.
Conhecemos também diferentes movimentos culturais urbanos ao redor do Brasil, em especial, na cidade de Juiz de Fora. Através deles, nós queremos que você entenda a ocupação Rosa Leão em Belo Horizonte, a forma como o grupo Restinga Crew usa a dança para representar a identidade da população negra marginalizada em Porto Alegre e como a UFJF pode se abrir mais para movimentos como a capoeira do grupo Zambelê e as intervenções do Instituto de Artes e Design (IAD). Acreditamos que as ocupações dos espaços públicos devem ser incentivadas e nada melhor do que promover essa relação entre a universidade e a população, mostrando como a educação e a cultura podem estar cada vez mais próximas.
Além disso, buscamos entender como esses movimentos têm sido vistos pela sociedade. Conversamos com alguns cidadãos de Juiz de Fora sobre os grafitis que estão nos muros da cidade: será que a maioria enxerga o trabalho dos grafiteiros como vandalismo, ou como algo que deixa o espaço urbano mais interessante e colorido? Você pode conferir as respostas no nosso vídeo.
Através de todo o percurso realizado para a construção dessa matéria, percebemos que a principal beleza da cultura nas ruas é que não importa quem você é, sua cor ou de onde você vem: o importante é o que você tem a dizer, a mostrar para o mundo. A arte raramente é reconhecida como uma verdadeira profissão, nem sempre recebe o devido apoio e muitas vezes é vista com preconceito. Mas quem realmente se expressa através dela não se importa: eles vão às ruas e deixam a sua mensagem. Algumas pessoas não percebem ou compreendem; mas aquelas que são tocadas de alguma forma vão passar a mensagem adiante. É essa a recompensa.
Por Amanda Silva, Danilo Pereira, Felipe Carvalho, Laura Santos, Ludmila Azevedo e Monalisa Lima
