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Em meio a tanta vida e movimento, há uma construção que parece estar fora de seu lugar

por Jéssica Vitorino

 

Inaugurado em 1931 para acolher a terceira sede do Banco de Crédito Real, a construção projetada pelo arquiteto Luiz Segnorelli e realizada pela Companhia Industrial e Construtora Pantaleone Arcuri, apresenta características arquitetônicas do estilo eclético, presente em outros prédios da cidade, como o Paço Municipal, e pinturas do italiano Angelo Bigi, conhecido pelas intervenções no Cine Theatro Central.

 

O prédio, que desde 1964 abriga o Museu do Crédito Real de Minas Gerais, tem a função de preservar toda a documentação histórica desde a fundação do banco, em 1889, e conservar a memória monetária e bancaria com informações do período compreendido entre 1889 e 1998.

 

Seu acervo conta com documentos como relatórios, balancetes, carteiras, notas promissórias, fotografias, maquinário, cédulas e moedas da época do Brasil Colônia à atualidade, além de uma carta emitida por Dom Pedro II em 1889, autorizando a construção do Banco do Crédito Real de Minas. O edifício foi tombado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento da Prefeitura de Juiz de Fora em dezembro de 1992 e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG), em 2005, após um amplo processo de restauração.

 

Localizado na esquina das ruas Halfeld com Avenida Getúlio Vargas, milhares de pessoas passam em seu entorno diariamente, mas parecem não reparar na imponência do prédio e desconhecer sua importância histórica.  Maria Conceição passa pela construção todos os dias, mas nunca parou para observar o prédio ou saber sua história “passo por aqui sempre, a Halfeld é caminho para o trabalho e para coisas que tenho que resolver no centro da cidade. Sei que é o Museu do Crédito Real, mas nunca entrei para conhecer, quem sabe um dia com mais

calma”, diz.

 

Não é apenas o público que parece não conhecer o que o Museu abriga. A falta de

conservação adequada, cuidado e investimentos com o acervo são questionadas pela museóloga da casa, Josenira Monteiro, “Eu estou vendo um acervo todo se deteriorando por conta do descaso do poder publico, que está concentrado em Belo Horizonte. Outro dia quando tentei organizar as salas para inscrever o Museu na 13ª semana de Museus, me disseram para não abrir as janelas, pois isso estragaria o acervo. Temos traças e cupins aqui e a claridade que iria acabar com ele?”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A situação apresentada pode ser vista pela falta de cuidado com a exposição oferecida. Nos aparadores que expõe moedas e cédulas antigas, é possível ver a marca onde algumas peças deveriam estar. Além disso, as placas indicativas de cada obra não estão conservadas adequadamente e, por isso, estão soltando. As pinturas externas estão desgastadas pelo tempo e, consequentemente, não é possível notar os ricos detalhes da obra de Bigi.

Para a museóloga, não basta apenas que a população busque conhecer o Museu, mas sim que o Museu se posicione de forma grandiosa e imponente perante o seu público, para que assim seja realizada a troca de conhecimento e de histórias, que é a proposta de qualquer espaço cultural, principalmente de um situado no coração de Juiz de Fora.

 

 

Vida Cultural no Calçadão

Igor Visentin, Jéssica Vitorino, Jordan Pereira e Vaninha Black

Faculdade de Jornalismo - UFJF

 

 

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