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“O Calçadão pra mim é a extensão da minha casa”

 

 

Por Vaninha Black

Luis Henrique Oliveira é natural de Bias Fortes, interior de Minas, veio para Juiz de Fora em 1996. Além de trabalhar como porteiro, também  mora na Halfeld. Ele conta como veio para a Manchester Mineira :“Eu vim a procura de um emprego, por melhores condições de trabalho porque lá não tem, o trabalho só é na lavoura e não tem tanto ganho e trabalha muito. Aqui as condições são melhores”.

 

Ao chegar na cidade,suas impressões foram as mesmas de quem sai do interior e vai para a capital. Mesmo Juiz de Fora não sendo capital, ela tem ares de cidade grande. “Pra mim foi uma novidade porque você vem do interior, chega aqui e vê esse mundo de gente, lojas, comércio. Te confunde um pouco mas eu gosto daqui, acho tranquilo. A medida que você vai trabalhando vai conhecendo pessoas, então o Calçadão pra mim é a extensão da minha casa, o quintal da minha casa, eu gosto muito daqui.”

 

Com quase vinte anos morando e convivendo na rua, Luis afirma que as mudanças foram significativas e naturais ao longo do tempo, mas também ressalta o aumento da violência.  “O comércio em si houve uma mudança muito grande, vejo uma grande dificuldade, muita loja fechada e o que eu questiono hoje pra mim é a segurança, essa rua mudou. Eu tinha livre acesso aqui a noite, hoje eu não saio mais a noite, já tive até problema, então eu queria ver se eles pudessem melhorar nesse sentido a segurança, o resto é tranquilo.Sempre tem uma obra aqui a noite, barulho aqui é um grande problema.”

 

Nascido em cidade de interior, Luis cultiva valores culturais mais tradicionais. Morar na Halfeld é muitas vezes colocar suas perspectivas em questão, pela diversidade de pessoas que habitam o lugar. Ele lembra de um fato curioso que gerou um certo  estranhamento. "É que a gente vindo do interior, tem outra criação, então têm  certas coisas que acontecem aqui que te choca. Num dia eu tava aqui trabalhando e ouvi um barulho, era uma manifestação, a Marcha da Maconha. Aquilo pra mim foi uma coisa muito curiosa, muito diferente, pra mim é uma coisa muito chocante", comentou

 

Como toda rua movimentada, a Halfeld tem as figurinhas marcantes  e Luis conta como que era conviver com elas e mostra que essas pessoas são muito mais do que o rótulo de moradores de rua. “Tive com a D. Maria, convivi com ela por muito tempo, eu até ajudava ela, ela sempre passava aqui, muito brincalhona, eu sempre a achei uma pessoa assim diferente, engraçada. Eu vi o lado engraçado dela. Tinha um senhor que tocava violão aqui e conversava muito com ele. Eu achava uma pessoa impressionante, a inteligência dele, e ele tocava, achava que tinha que tocar vários instrumentos, pegava violão, sanfona e pandeiro, aquilo era muito engraçado.”

Luis  Henrique Oliveira (Foto: arquivo pessoal)

E ele diz que o que mais aprendeu morando e trabalhando na Halfeld foi conviver com as pessoas e respeitá-las, independente da situação econômica de cada uma.Para ele, o que define não só o calçadão, mas a Rua Halfeld é a diversidade de pessoas e acontecimentos. “É  um palco de Juiz de Fora, um palco diário onde todo dia acontece alguma coisa. Juiz de Fora é aqui.”

 

 

Vida Cultural no Calçadão

Igor Visentin, Jéssica Vitorino, Jordan Pereira e Vaninha Black

Faculdade de Jornalismo - UFJF

 

 

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