
O ouro da Halfeld
por Jéssica Vitorino
Quem passa pela Rua Halfeld durante a tarde certamente já desviou seus passos dos vendedores de ouro que ocupam seu lugar na calçada mais movimentada da cidade. Faça chuva ou faça sol, lá estão eles, com coletes amarelos e, às vezes, acompanhados de uma plaquinha e um boné. Calados e observando o movimento, estão sempre prontos para vender ou comprar qualquer quantidade da pedra dourada mais procurada nos tempos do Brasil Colônia.
Presente no Calçadão de segunda a sábado, na altura do Banco do Brasil, que viu ser construído, Jairo trabalha com o ouro há 30 anos. Empreendedor do ramo, já tentou vender e comprar a pedra preciosa em outras ruas do centro, mas foi apenas na Halfeld que seu negócio expandiu. “Eu já trabalhei na Rua Marechal e o negócio não deu certo. Trabalhei na São João, e também não foi para frente. O ouro só da certo aqui (na Rua Halfeld). É aqui o local que as pessoas procuram para comprar e vender”, conta o comerciante.
Acumulando experiência e muita vivencia no local, Jairo já viu muita coisa passar pelo Calçadão. “É uma rua interessante e tradicional da cidade. Aqui se vê de tudo, desde agiota até artistas que buscam um lugar de destaque no cenário cultural”, e acrescenta que são poucos os artistas da música que permanecem no local por muito tempo. Uma das exceções foi o violeiro Antônio Felício Macário, personalidade da viola de Rua de JF, que faleceu em novembro de 2012.
Além dos personagens ícones e efêmeros que já passaram pelo olhar de Jairo, as lojas também fazem parte da transformação diária da Rua. “O bom comércio está acabando. Grandes lojas fecharam as portas para dar espaço a lojas de telefonia móvel”, observa. E assim, com lojas, artistas e rostos anônimos indo e vindo todos os dias, o comércio de Jairo segue brilhando como uma pedra de ouro no meio do Calçadão.